Humano versão Beta

terça-feira, 2 de março de 2010

Por Maurício Felício. 02/03/10

Sou 2.0, dizem alguns. Outros se resumem como geeks (1). Sem necessidade enumerar a quantidade de pessoas que acha tudo isso uma loucura, enquanto outra legião não se desapega de plug-in (2) e gadget (3).
Dentro de pouco tempo, o termo 2.0 se disseminou como forma de rotular a nova dinâmica da informação e da comunicação a partir da revolução na conectividade do homem com o universo digital.

A simples potencialidade de participação no ambiente virtual já transforma o homem antes mesmo de sua entrada definitiva neste campo de pensamentos acelerados que é a web.
Mas isso já é parte do passado, ou ao menos não resume mais o que é o presente em desenvolvimento.
Então, com todas estas velhas novidades, o que vem a ser o homem hoje em dia?
Hoje, já somos homens e mulheres 3.0. Somos monitorados, catalogados e etiquetados. Somos parte de uma miríade de informações que nos transforma diariamente.

Hoje, podemos ser ciborgues. Já podemos nos equipar de uma audição eletrônica, de uma fala digital, de uma visão em realidade aumentada.

Recentemente, os autores do InComMetrics, um blog focado em Mensuração de Resultados da Comunicação, publicaram um artigo intitulado “Mensuração da Comunicação Pessoal”, que fala sobre uma forma de mapeamento de relacionamentos “fora” do ambiente virtual.
Nas palavras de Diego Senise, um dos autores do blog, esta é uma “tecnologia que permite rastrear quem está interagindo com quem por meio de uma etiqueta” (4).

Com isso, vemos justamente a mudança do paradigma do homem como produtor de informação, de forma ativa, para o homem gerador de informação, do homem-bites, de forma passiva ao registro e à estatística.
São, obviamente, muito controversas as questões da tecnologia, do controle e da dominação, no que estes pontos tangenciam benefícios e malefícios, mas é inconteste que vivemos em um mundo reconfigurado.
Anos atrás, uma música causou alvoroço ao proclamar “We don’t need no education, We don’t need no thought control” (5). Como seria esta música, escrita e cantada para a sociedade atual?

Teria que levar muitas variáveis em consideração, mas provavelmente seu eixo não mudaria muito. Teremos que avaliar o que chamamos de controle, de privacidade, de benefícios nestes tempos de pós-humanidade.
Acreditar que estas transformações trazidas pela conectividade terminam nas fronteiras do que chamamos de ciências humanas, é subestimar a influência e a amplitude do que temos criado.
Para os que acham que somos geeks ou 2.0, 3.0, etc., somos Beta. Somos homens em transformação, em teste, em constante configuração. Somos Open Source. E dentro de algum tempo, nosso sangue, nossos ossos, nosso coração será Wi-fi. Duvida? Então clique aqui e confira você mesmo.

(1) – Grosso modo, esta é uma gíria originada da língua inglesa que designa peculiaridades psicológicas e comportamentais de usuários da web, com reflexos tanto no mundo virtual quanto fora dele.
(2) – Software desenvolvido para adicionar funcionalidades a programas maiores.
(3) – Gíria tecnológica para designar dispositivos eletrônicos com funções específicas, como MP3 player, FlashCard, Tablet, etc.
(4) – Termo cunhado em inglês, esta é uma Tag, uma forma de catalogar informação para otimizar buscas e possibilitar combinações variadas de agrupamentos informacionais. Por essas peculiaridades, é pilar na edificação da chamada Web 3.0.
(5) - Another Brick in the Wall - Pink Floyd. Em tradução livre: “Nós não precisamos de educação, nós não precisamos de controle de pensamentos”.


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