Politicagem no trabalho

sábado, 14 de novembro de 2009

Como evitar a politicagem no trabalho


No ambiente corporativo, sempre tem alguém abusando da manipulação para levar vantagem. Um livro mapeia os jogos políticos mais comuns e mostra como se livrar deles.

Fazer fofoca, jogar a culpa em um colega, usar o nome do gestor para conseguir alguma coisa ou ir a reuniões com conchavos costurados previamente. Atitudes como essas se repetem diariamente no trabalho e têm em comum o comportamento desleal: alguém avançou o sinal para obter algum benefício pessoal. Em parte dos casos, as pessoas fazem isso conscientemente. Em outros, nem percebem a gravidade de suas ações. “Todo mundo se envolve, em maior ou menor escala”, diz Maurício Goldstein, sócio-diretor da consultoria Pulsus, de São Paulo.

Com o escocês Philip Read, executivo de RH de multinacionais como Dow, Maurício entrevistou executivos de vários países e escreveu o livro Jogos Políticos nas Empresas (Campus/Elsevier), que lista 70 comportamentos, ou jogos políticos, que ocorrem no mundo corporativo. Pouca gente discorda que é errado jogar, mas a jogatina rola solta. Por quê? “É uma forma de minimizar a ansiedade”, diz Maurício. Para quem precisa entregar resultados, os jogos oferecem um alívio, já que em geral trazem vantagens imediatas a quem participa. Em tempos de transparência, se engana quem pensa que eles estão com os dias contados. “Os jogos têm crescido porque a pressão nas empresas é cada vez maior”, afi rma Maurício.

Para o administrador Ernesto Schlesinger, de 36 anos, a necessidade de cumprir o prazo imposto pela mineradora francesa da qual era controller, em 2005, fez com que ele enfrentasse um jogo político. Responsável por montar o orçamento da subsidiária brasileira, criou um cronograma para o envio de informações necessárias ao planejamento a ser cumprido por diversas áreas. Na data combinada, poucos dados chegaram. “As pessoas se isentavam de culpa e jogavam o problema para os outros”, diz. Depois de intermediar muitas conversas, convocou os envolvidos para uma reunião e, às claras, confrontou informações e pediu que todas as pendências fossem resolvidas ali. “Acabamos com conversas paralelas e expusemos os reais problemas, para chegar à solução com rapidez.”

POLÍTICA OU POLITICAGEM?

Não há nada de mal em fazer política. Muito pelo contrário. Ela pode, e deve, ser um ingrediente importante para crescer na carreira. “Construir articulações e influenciar na tomada de decisão é um movimento legítimo, desde que seja algo claro e ético”, diz José Valério Macucci, consultor de liderança e professor do Insper - Ibmec São Paulo. A política faz parte da vida profissional e não se pode fugir dela. Segundo o consultor Gutemberg de Macêdo, especializado em recolocação de profissionais, muitos dos executivos que chegaram a seu escritório, em São Paulo, nos últimos meses após uma demissão demonstraram falta de habilidade para lidar com a política da empresa.

A diferença da política saudável para o jogo político está no uso da manipulação como forma de obter alguma vantagem sobre alguém ou sobre a empresa. Além disso, a politicagem é altamente contagiosa, na medida em que outras pessoas começam a reproduzir o mau comportamento quando percebem que aparentemente traz benefícios. “Os jogos políticos são contraproducentes”, diz Maurício. “Eles drenam os recursos da empresa, a energia e o tempo das pessoas.” Outra característica importante: qualquer jogo exige mais de uma pessoa para ocorrer. Portanto, não basta não iniciar um jogo. É preciso dizer “não” quando se depara com alguém jogando.

O consultor de marketing digital Alexandre de Mattos, de 35 anos, sucumbiu à tentação e entrou em uma barganha perigosa. Em fevereiro deste ano a holding do ramo de educação da qual ele era gerente ficou mergulhada em jogos políticos quando um executivo anunciou sua saída, abrindo espaço para disputas por promoções. “As pessoas passaram a buscar alianças, segurar contratos e especular sobre os possíveis promovidos”, diz. Outro executivo, interessado em desmontar a área de Alexandre, propôs a ele uma troca: o indicaria a uma das vagas caso ajudasse esse executivo a fechar a área. Alexandre topou. “Me envolvi e quando me dei conta era tarde para desistir”, conta. Ele ganhou uma das principais gerências, mas o clima pesou, já que o acordo fi cou claro para os outros profi ssionais. Dois meses depois, Alexandre optou por deixar a companhia. “Nunca havia me envolvido nesse tipo de política e percebi que não tinha nada a ver comigo.”

Leia esta matéria na íntegra, clicando no link.

Fonte: Você S/A (Desenvolva sua carreira / Edição 0137 / Carreira - Comportamento)
Por Renata Avediani (ravediani@abril.com.br) 11/11/2009

0 comments

Postar um comentário